3 Erros ao Tentar Ajudar uma Pessoa com Depressão

Quando pessoas de uma família tentam ajudar um membro com sintomas de depressão, esses são os 3 principais erros cometidos e que, definitivamente, sua família precisa parar de cometer:

  1. Inflexibilidade cognitiva
  2. Falta de escuta ativa
  3. Falta de estratégias praticas

É assim que 97% das famílias agem quando o assunto é ajudar alguém com depressão. No entanto, é de extrema importância que você entenda o que acontece quando você está sobre a influência de cada um desses erros, para que sua família pare de se desesperar com o sofrimento da pessoa que ama.

Depressão é uma doença silenciosa e ninguém nasceu preparado para lidar com uma dor como essa em sua família, afinal nenhuma família imagina uma pessoa que ama tanto, se isolando, se auto mutilando e perdendo a vontade de viver. E essa situação te coloca em um esgotamento de energia jogando suas emoções em um buraco escuro.

Talvez você já tenha pensado em desistir de ajudar seu familiar por achar que já fez de tudo e nada mais funciona. Começa a querer entregar os pontos, por se sentir totalmente sem forças e quase adoecendo também.

A FORMA QUE VOCÊ PRECISA AJUDAR SEU FAMILIAR COM DEPRESSÃO, NÃO É ESSA, FAZENDO O QUE NÃO CONSEGUE E ADOECENDO.

Eu estou falando que é possível usar um conhecimento organizado que te proporcione uma luz de informações práticas e te oriente neste momento. Um SOS em meio a tanta tristeza que faça sua família sair desse cativeiro de emoções.

ISSO É ALGO QUE VOCÊ PRECISA TER CLARO EM SUA CABEÇA: AJUDAR SUA FAMÍLIA A PARAR DE SOFRER APRENDENDO A LIDAR COM A DOR DE UMA PESSOA COM DEPRESSÃO.

A sua família não precisa apenas ter um alivio momentâneo dessa dificuldade. É preciso utilizar o sofrimento que a depressão traz como instrumento de transformação e união para todas as pessoas do seu núcleo familiar.

A VERDADE POR TRÁS DESSES 3 ERROS

lidar com um familiar com depressão

ERRO Nº 1

INFLEXBILIDADE COGNITIVA

Imagine uma família onde os pais investem todos os anos na educação intelectual de seu filho.

Esse filho estudou nas melhores escolas e cursos e está na época de prestar o vestibular. Mas ele está a algum tempo lutando com a depressão e está vivendo em torno de crises e tratamentos. Nesse momento tão importante de sua vida, em que ele possui uma base educacional para ingressar nas melhores universidades e disputar uma vaga nos cursos mais concorridos, ele fala para a família que vai desistir.

Esses pais então não concordam, acham que seu filho está sendo um ingrato e começam a lembrar de todo investimento que fizeram nele.

A partir daí essa família começa a entrar em um conflito muito grande, com muitas brigas, discussões e ofensas.

De um lado estão dois pais dedicados que investiram muito para ver seu filho com uma profissão que gere conforto financeiro e status. Tudo que sempre sonharam. E do outro lado está um filho com depressão, uma doença que gera inúmeros problemas para ele e para família, querendo desistir de tudo, inclusive de sua vida.

Como resolver esse conflito? Mas antes de refletir nisso, vamos entender o que é inflexibilidade cognitiva.

Quando uma família vivencia um problema de depressão, ela está exposta a uma série de acontecimentos angustiantes e muitas vezes traumáticos, onde sua mente começa a captar esses acontecimentos a partir dos pontos negativos.

E quando os problemas aumentam, parece que a cabeça vai explodir sem achar as soluções. Se isso acontece com você é porque suas cognições estão inflexíveis.

A cognição é um grande processo que nosso cérebro utiliza para compreender tudo ao nosso redor. Seus principais componentes são:

A Inflexibilidade cognitiva é a nossa incapacidade de se adaptar às mudanças do nosso meio.

E POR QUE ISSO ACONTECE?

Quando estamos vivenciando o dia a dia, criamos estratégias de enfrentar os problemas que vão aparecendo e nosso cérebro vai armazenando essas estratégias criando padrões para utilizá-las novamente quando um novo problema surgir.

O que torna esse processo complicado, é que nem todos os problemas tem uma mesma estrutura de funcionamento, ou seja, nem todos os problemas são parecidos, alguns tem um teor de complexidade bem maior, como é o caso de enfrentar uma doença como a depressão.

E com esses padrões fixos internalizados começamos a tentar enfrentar todos os problemas que surgem do mesmo jeito que enfrentamos os problemas passados. É aí começamos a nos desesperar!

Nessa hora vai fazer toda diferença onde está focada sua atenção, como você percebe as situações, quais são suas principais memórias resgatadas, como pensamos sobre as coisas e como nos comunicamos diante dos problemas.

Se nossas cognições estão trabalhando de forma fixa, não vamos perceber que o maior problema não está na entrada da doença e sim na forma como estamos lidando com ela.

E o que você precisa fazer?

Precisa reprogramar sua cognição:

Agora vamos refletir um pouco na história que você leu acima, e tentar identificar a inflexibilidade cognitiva dessa família na hora de ajudar seu filho com depressão

  1. Onde a atenção dessa família está focada?
  2. Que tipos de lembrança esses pais trazem na memória?
  3. E a comunicação, que tipo de linguagem eles usam?
  4. Qual o padrão de pensamento dessa família?

(*) Antes de ler as respostas abaixo, é importante que você tente responder sozinho.

Agora vamos às respostas e ver se você entendeu o conceito de inflexibilidade cognitiva:

  1. Onde a atenção dessa família está focada?

A atenção dessa família está focada no problema, ou seja, em tudo que o filho vai perder se desistir dessa etapa tão importante de sua vida.

Solução: A família precisa tirar o foco de atenção do problema e começar a gerar soluções. Precisa focar em como combater os sintomas da depressão e vão compreender que seu filho sofre de uma doença grave que o coloca em desvantagem em relação aos outros candidatos para o vestibular.

Não por falta de inteligência ou de vontade, mas pelos sintomas incapacitantes da doença.

Nesse momento os pais precisam focar a atenção para a saúde desse filho, pois se ignoram essa doença, aí mesmo que ele piora e não terá nenhuma chance de um futuro próspero. Não podem inverter a ordem da atenção. Precisam olhar primeiro a saúde, depois todo o resto.

   2. Que tipos de lembrança esses pais trazem na memória?

Eles estão focados em todo esforço que tiveram para dar uma educação que consideram importante para o seu filho e em todo trabalho que tem dado a eles no decorrer dessa doença.

Solução: Esses pais precisam buscar lembranças felizes junto a esse filho para fortalecer os laços emocionais entre eles, afinal eles o amam e por isso sempre desejaram vê-lo feliz. Isso é importante para não acumularem sentimentos negativos na hora de resolver o problema.

   3. E a comunicação, que tipo de linguagem eles usam?

Ofensas, discussões, brigas. Essa comunicação está cheia de ruídos.

Solução: Precisam parar com as ofensas, o que vai facilitar encontrar a melhor solução para esse problema, estabelecendo o respeito entre as partes.

4. Qual o padrão de pensamento desses pais?

Os pensamentos deles estão voltados para um ideal de profissão e de estilo de vida para o filho. A forma como está internalizado o pensamento deles sobre isso dificulta enxergarem outras opções também válidas.

Solução: Eles precisam repensar sobre o padrão de vida que eles idealizaram para filho e começar a incluir o filho nessa decisão sobre sua carreira e seus sonhos.

Aceitar que nem sempre as suas expectativas serão satisfeitas na vida do outro. A melhor forma de flexibilizar os pensamentos é eliminando as expectativas e se abrindo para novos ideais. Pois assim, as soluções serão mais palpáveis para todos os envolvidos.

Você precisa encontrar um modo de colocar todo seu foco e sua energia nas soluções e no amor que você tem pela pessoa que apresenta a depressão, sem esquecer- se da sua própria saúde emocional.

“É impossível progredir sem mudanças, e aqueles que não mudam suas mentes não podem mudar nada” (George Bernard Shaw).

ERRO Nº 2

FALTA DE ESCUTA ATIVA

O saber ouvir é o primeiro passo para uma comunicação eficaz. Significa que mesmo não concordando com tudo que foi dito no diálogo, a pessoa teve interesse, ouviu e respeitou o outro. Essa habilidade permite que o parente com depressão se sinta valorizado, e assim, torne-se mais flexível e aberto às mudanças que você vai propor.

Alguns benefícios da escuta ativa:

  • Promove bom relacionamento interpessoal
  • Minimiza os conflitos
  • Gera confiança
  • Desenvolve a comunicação assertiva
  • Dispõe informações
  • Otimiza o tempo
  • Promove colaboração em família
  • Aumenta a segurança
  • Desenvolve a empatia

A escuta ativa significa escutar e entender a comunicação a partir do ponto de vista da pessoa que fala. Não é algo fácil se você estiver focado apenas no problema e em seu próprio sofrimento.

Um problema de depressão na família causa muitos ruídos na comunicação, pois seus sintomas são difíceis até mesmo para a pessoa que sofre explicar. E se você não estiver preparado para ouvir ativamente, colher as informações certas para criar uma estratégia de ajuda, a situação só tende a se agravar.

A maioria das pessoas acredita que suas habilidades de escuta estão como deveriam estar, mesmo que não estejam. Mas se essa escuta não estiver treinada e o conhecimento sobre o assunto que você está lidando for limitado, essa comunicação será péssima.

Imagine a seguinte situação:

Você pergunta para o seu parente ou amigo o que ele quer que você faça para ajudá-lo.

Preste atenção no que você pode estar fazendo de errado na hora de ouvir a resposta da pessoa com depressão:

– ACHAR QUE JÁ CONHECE A RESPOSTA

– NÃO ACREDITAR NA PESSOA

– TER MEDO DA RESPOSTA

– NÃO CONCORDAR COM O QUE ELA DIZ QUE PRECISA

– NÃO SABER O QUE FAZER DEPOIS DE OUVIR

Você precisa perceber se está fazendo uma ou mais dessas coisas na hora de ouvir a pessoa. Ou então, não conseguirá praticar a escuta ativa!

O mais importante não são suas orientações, mas sim, a conexão que você precisa criar com essa pessoa. Para ser ciar essa conexão, ela precisa se sentir respeitada e segura nessa relação para entender que sua dor está realmente sendo levada em consideração. Desta forma ela vai começar a perceber que você tem informações que podem ajudá-la.

Esse processo é muito delicado e não deve haver críticas. Você precisa estar focado na aproximação com a pessoa, pois só assim conseguirá aplicar as estratégias voltadas para a depressão. Dependendo da relação de vocês isso pode levar tempo, mas é necessário que essa conexão seja criada.


Se você está entendendo a importância de corrigir os 2 primeiros erros, inflexibilidade cognitiva e a falta de escuta ativa, você com certeza irá aplicar de forma eficaz as estratégicas práticas que falaremos no ERRO 3.

como ajudar alguem com depressao

ERRO Nº 3

FALTA DE ESTRATÉGIAS PRÁTICAS

Se você convive com uma pessoa com sintomas de depressão sabe que a pessoa tem muitas dificuldades com suas atividades habituais. Ela não consegue muitas vezes disposição para sair da cama. Isso pode gerar um caos no dia a dia dela e consequentemente de toda família.

Quando você não consegue que a pessoa faça o que precisa ser feito para manter suas atividades em dia, como ir ao colégio, trabalho, faculdade, ou mesmo seus hábitos básicos de higiene e alimentação, você começa a se desesperar.

Você acaba achando que já tentou de tudo para ajudar e nada funciona. Às vezes essa pessoa já tem acompanhamento psicológico e psiquiátrico e você tem a impressão que não está funcionando.

Isso acontece porque falta você conhecer algumas estratégias para serem colocadas em prática com seu familiar em depressão. Que são importantíssimas, inclusive para ajudar durante o processo de tratamento. Se não estiver se tratando, elas também podem ajudar a convencer o familiar a aceitar a ajuda profissional.

Aprenda as principais estratégias para lidar com esse tipo de situação:

1- Conhecer as leis que garantem direitos a pessoa com depressão, e os acessos de saúde públicos para ela, pois isso vai ajudar nos aspectos trabalhistas, estudantis e de saúde;

2- Aprender técnicas básicas e fáceis de aplicar ensinadas pela terapia cognitiva comportamental, isto vai ajudar a organizar e reforçar as atividades diárias do seu familiar de forma funcional e gradativa;

3- Conhecer quais os profissionais que você deve procurar para o melhor tratamento e como eles funcionam;

4- Aprender sobre as principais medicações e quais os efeitos que são importantes de você entender;

5- Conhecer alguns tratamentos alternativos que você pode aplicar em casa para auxiliar nos tratamentos convencionais;

6- Criar estratégias de como toda família pode se cuidar emocionalmente para não adoecer, enquanto cuida de seu familiar;

7- Entender como identificar as crises e como ajudar a prevenir;

8- Aprender sobre cada sintoma para ajudar a pessoa com depressão a lidar com eles;

9- Entender sobre suicídio e automutilação e encará-los de frente;

SE VOCÊ APRENDER A APLICAR ESSES CONTEÚDOS, ALÉM DE AJUDAR SEU PARENTE OU AMIGO EM DEPRESSÃO, VAI COLABORAR COM O DESENVOLVIMENTO SAUDÁVEL DA SUA FAMÍLIA E VAI DAR UM GRANDE PASSO A CAMINHO DO SEU PRÓPRIO BEM ESTAR.

REFLITA SOBRE ISSO! QUANTAS VEZES VOCÊ JÁ SE VIU NAS SEGUINTES SITUAÇÕES?

Você convive com alguém que sofre de depressão e não sabe como ajudar, porque tudo que faz parece não funcionar. A própria família começa a entrar em conflitos com essa pessoa em depressão.

erros ao tentar ajudar um depressivo
  • Quantas vezes você já não brigou com seu familiar para ele sair desse estado de apatia?
  • Já procurou médicos e psicólogos e achou que ficaria livre do problema de forma rápida, mas a situação ainda não está como você esperava?
  • Quantas vezes procurou aconselhar-se com familiares, amigos ou líderes religiosos e não acrescentaram nada ao que você já havia tentado?
  • Quantas vezes você já perdeu a vontade de socializar com amigos e família por desânimo ou até mesmo por vergonha da situação?
  • Quantas vezes você já preferiu ficar fora de casa o máximo possível para não enfrentar a situação?

Existe um ponto essencial para entender a importância da família no tratamento da depressão e você pode estar se perguntando: Fará alguma diferença eu aplicar esses conhecimentos práticos?

Eu te respondo que vai e vou te dizer o porquê.

Hoje já se sabe que a depressão é uma doença que está relacionada a vários aspectos importantes do ser humano, como o aspecto bioquímico, psicológico emocional e o aspecto social que envolve principalmente a estrutura familiar.

A psicanalista Belinda Madelbaum, pesquisadora na área da família, em um dos seus estudos observou como o sujeito é influenciado por mensagens transmitidas de forma conscientes e inconscientes pelo grupo familiar.

Essa influência pode ser vista em forma de sintoma a partir das experiências vividas e isso faz total diferença na hora do sujeito se comportar diante da vida, fazer escolhas ou lidar com uma doença, por exemplo.

Entende porque é tão importante aprender formas eficazes de ajudar seu familiar com depressão?

Para isso é necessário trabalhar esses três aspectos que envolvem a doença, o bioquímico, o psicológico e o familiar. E esse último depende de você!

NÃO SÃO APENAS OS TRATAMENTOS TRADICIONAIS QUE VÃO AJUDAR A PESSOA QUE VOCÊ AMA A LIDAR COM A DEPRESSÃO. VOCÊ QUE VAI DAR UMA BASE SÓLIDA DE AJUDA PARA TODO TRATAMENTO.  

Se você está aqui, é porque não está sabendo mais o que fazer para ajudar essa pessoa. Até porque ajudar sem suporte e sozinho não é tão fácil. Tem um monte de coisas que a gente precisa resolver.

A gente precisa cuidar dessa pessoa e ainda lidar com as nossas rotinas de trabalho, estudo ou nossas rotinas sociais.

A gente quer que nossa família não pareça problemática e, tudo isso, além do esforço, consome muito tempo, e às vezes a situação vai andando, mas não se resolve, as coisas não mudam e só vai piorando.

depressao o mal do seculo

TAMBÉM AMO ALGUÉM COM DEPRESSÃO!

Depoimento:

Meu nome é Valentina Farias, sou psicóloga clínica com ênfase em Terapia Cognitivo Comportamental, especialista em Neuropsicologia.

A depressão passou a ser um estudo de muita importância para mim, claro, para atendimento no meu consultório, mas o que me motivou aprofundar meus conhecimentos teóricos e práticos, foi em função de uma depressão grave na minha família. A coisa mais importante da minha vida, minha filha, hoje com 19 anos.

Não foi fácil até testar diversas abordagens e estratégias para que eu pudesse sentir os resultados e ajudá-la a ter uma vida funcional, mas que também, eu pudesse estar saudável emocionalmente para enfrentar os enormes desafios que essa doença nos traz.

Boa notícia…

A boa notícia que essa minha vivência, aliado aos estudos, me permitiu criar um método que passei adotar com sucesso nos familiares dos meus pacientes.

Entendi que esse deveria ser o foco, já que o paciente com depressão precisa do apoio de familiar e amigos, mas muitas vezes estas pessoas, que tanto as amam, não sabem como ajuda-lo.

Os conhecimentos deste artigo, quando aplicados, trará experiências que poderão ser o início de uma transformação na forma de lidar com a depressão.

Poderá determinar um início de uma nova jornada quando a esperança surgirá, as faltas de perspectivas e o sofrimento darão lugar ao crescimento de todos envolvidos. Poderá sentir que a beleza da vida pode estar presente, mesmo em situações de grandes desafios que a vida nos traz.

Boa sorte e conte conosco!